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Qualidade de Vida

Estenose do Canal Vertebral Lombar (ECL)

23 Mai 2018 - 07h29Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Estenose do Canal Vertebral Lombar (ECL) -

O termo estenose do canal vertebral lombar (ECL) significa a diminuição do espaço anatômico do canal espinhal (local por onde passa a medula e raízes nervosas) e está associada com uma infinidade de sintomas clínicos, a incidência anual de ECL é de cerca de cinco casos por 100.000 indivíduos, sendo quatro vezes maior comum na região lombar do que na cervical. O sintoma característico de ECL é a Claudicação Neurogênica Intermitente, que é a dificuldade em caminhar curtas distâncias devido a fortes dores nas pernas e costas, devendo o paciente sentar-se para poder voltar a caminhar.

A estenose pode ocorrer em um ou em vários níveis ao mesmo tempo, podendo ser unilateral ou bilateral, a estenose entre a quarta e quinta vértebras lombares (L4-L5) é a mais freqüente, seguida por L3-L4, L5-S1 e L1-S2. A degeneração do disco intervertebral muitas vezes provoca um abaulamento discal, gerando um estreitamento do canal espinhal (estenose central), como conseqüência, perde-se também altura do disco, diminuindo o espaço do recesso lateral e do forame intervertebral (estenose foraminal), exercendo pressão sobre as articulações facetarias e comprimindo as raízes nervosas.

O sintoma mais comum associado à ECL é a claudicação neurogênica intermitente, a compressão da raiz provoca inflamação localizada, que afeta estado excitatório do nervo, gerando dor. O grau de compressão é aumentado por hiperextensão ou hiperlordose da coluna lombar (dobrando o tronco para trás), pois estas posturas causam o estreitamento adicional do canal espinhal, a hiperflexão (dobrando o tronco para frente) anula lordose, resultando em um alargamento do canal espinhal e alívio dos sintomas.

DIAGNÓSTICO

A ECL pode ser diagnosticada somente se os sintomas clínicos relevantes aparecerem em certas posturas da coluna (por exemplo, quando em pé ao invés de sentado ou deitado).

Tipicamente, os sintomas dos pacientes compreendem alterações motoras, sensitivas e de reflexo na perna, com as dores usualmente concentradas na região posterior, que se desenvolve lentamente e persiste ao longo de vários meses, ou mesmo anos, podendo acometer uma ou ambas as pernas, de intensidade igual ou diferente entre elas.

A dor nas costas é normalmente localizada na coluna lombar e pode irradiar para a região do glúteo, virilha e pernas, muitas vezes exibindo característica radicular. Em casos de estenose do recesso lateral ou estenose foraminal, a radiculopatia isolada pode ocorrer (sem dor nas costas).

Com o aumento da expectativa de vida, a prevalência de doenças relacionadas à idade torna-se cada vez maior, a procura por uma melhor qualidade de vida tem levado um maior número de pacientes a procurar auxílio médico.

 

As novas tecnologias de exames de imagem favorecem o diagnóstico da ECL, definindo precisamente o local e as características do problema. Assim, a ECL tornou-se uma das indicações mais comuns para a cirurgia da coluna lombar, refletindo a necessidade de locomoção e liberdade exigida pela população idosa nos dias de hoje.

 

 

TRATAMENTO FISIOTERÁPICO

Os exercícios para o tratamento da estenose têm como objetivo a estabilização da musculatura de tronco, pois exercícios que fortalecem a musculatura abdominal podem ajudar a reduzir a carga na coluna lombar, resistência abdominal e levam à redução da dor, e dos níveis de inutilidade em sujeitos com dor lombar crônica.

Uma vez que o tratamento conservador é a escolha inicial, torna-se essencial a identificação de tratamentos Fisioterapêuticos efetivos para esta população.

Exercícios em solo melhoram a habilidade da marcha e um programa de fisioterapia incluindo alongamentos, fortalecimento de músculos abdominais, e exercício aeróbio de baixa intensidade, mostra-se eficaz na redução da dor.

Os tratamentos mais relatados pelos pacientes foram massagem (27%), exercícios de fortalecimento (23%), exercícios de flexibilidade (18%) e calor / gelo (14%).

Os tratamentos mais recomendados pelos fisioterapeutas incluem flexibilidade (87%), estabilização (86%) e exercícios de fortalecimento (83%), seguidos de calor / gelo (76%), acupuntura (63%) e mobilização articular (62 %).

 Com base nos resultados deste estudo, as futuras pesquisas devem conter exercícios de massagem, flexibilidade e fortalecimento, técnicas de estabilização e tratamentos de calor / gelo.

Há falta de consenso sobre as estratégias mais eficazes no tratamento da estenose, embora tenha indicação do tratamento conservador como escolha inicial de tratamento e a cirurgia seriam na falha do conservador em casos mais incapacitantes, das cirurgias existentes seria a descompressão e fusão lombar.

A Fisioterapia é recomendada, porém sua eficácia tem grande diversidade entre os estudos devido à baixa qualidade dos estudos não há definição sobre quais tipos de exercícios são mais indicados para estenose. Desta forma é muito importante a aplicação de estudos de qualidade metodológica que proponham tratamentos eficazes.

Sabendo-se dos benefícios da fisioterapia em pacientes com estenose na prática clínica, entende-se que mais estudos poderão esclarecer os efeitos da fisioterapia nesta população.

Sendo assim, a Fisioterapia proporciona o alívio da sintomatologia e a prevenção de novos acometimentos, através dos seus recursos terapêuticos, no intuito de garantir bem-estar para estes pacientes e, conseqüentemente, uma melhor qualidade de vida.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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