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Qualidade de Vida

Escoliose do adolescente (idiopática)

25 Abr 2018 - 04h35Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Escoliose do adolescente (idiopática) -

A Escoliose Idiopática, ou Escoliose do Adolescente, como é conhecida, afeta especialmente essa faixa etária, podendo gerar complicações e até mesmo afetar a auto-estima do adolescente.

O tratamento com o especialista contribui para a melhor qualidade de vida do paciente, assim como a reabilitação.

Escoliose é uma deformidade lateral de pelo menos 10 graus que normalmente encontra-se acompanhado de rotação do tronco, apresentando-se como uma coluna em “S” ou em “C”. A escoliose idiopática é subdividida em 3 subgrupos que se baseiam na idade que o paciente apresentava quando ocorreu o diagnóstico.

 A escoliose idiopática infantil acomete crianças com menos de 3 anos, enquanto a escoliose idiopática juvenil acomete os jovens entre 3 e 10 anos. A escoliose idiopática do adolescente ocorre em pacientes com mais de 10 anos de idade e que ainda apresentam o esqueleto imaturo.

Durante a adolescência a escoliose geralmente não produz dor, dificultando o diagnóstico. Portanto, a escoliose pode estar presente por vários anos antes de ser notada pela criança ou pelos familiares. O diagnóstico desses pacientes é geralmente feito em triagens escolares, achados radiológicos, ou quando há descontentamento físico notado pelo próprio paciente, amigos ou família, uma das possíveis maneiras de se detectar a presença destas curvas é observar a assimetria do corpo das crianças, principalmente durante o seu desenvolvimento, geralmente o ato de abaixar-se para frente com as pernas esticadas realça a presença das assimetrias, podendo ser percebido como um lado das costas sendo mais alto do que o outro, formando uma giba, a progressão da curva ocorre normalmente nos períodos de crescimento ósseo, conhecidos como estirão.

O potencial de crescimento remanescente de uma curva é definido por uma combinação de fatores que incluem menarca, idade do paciente no momento do diagnóstico e sinal de Risser, que indica o grau de maturidade esquelética do paciente através da avaliação da quantidade de ossificação da apófise da crista ilíaca. O médico deve examinar a criança regularmente até o final do crescimento, pois a escoliose pode aparecer em qualquer idade, desde o início do desenvolvimento até o final da adolescência.

ESCOLIOSE IDIOPÁTICA – O QUE É - É o desvio lateral da coluna estruturado, ou seja, o desvio da coluna é rígido e não corrige totalmente quando se procede a correção postural do adolescente.

QUAIS AS CAUSAS PROVÁVEIS - A escoliose idiopática do adolescente é de causa desconhecida, não há comprovação que bolsas ou mochilas possam causar ou alterar a escoliose.

OCORRE MAIS FREQUENTEMENTE EM ALGUMA FAIXA ETÁRIA - Ocorre mais comumente em meninas próximo ao período que antecede a primeira menstruação. Mais comum entre 11 e 14 anos de idade, Pode ter início antes da puberdade, quando não há sinais de desenvolvimento de caracteres sexuais secundários como: pilosidade pubiana e axilar, broto mamário e estirão do crescimento. Este tipo, pré adolescente é chamado de ESCOLIOSE INFANTIL, Pode ter início tardio após a adolescência, que é a chamada ESCOLIOSE DO ADULTO

QUAIS SÃO AS CAUSAS DA DOR - A escoliose idiopática do adolescente na maioria dos casos não causa dor, mas com o envelhecimento, ou seja, na vida adulta pode provocar doença degenerativa da coluna, alterações na orientação mecânica do eixo da coluna e causar dor crônica.

EXISTEM GRAUS - Sim: A angulação é medida pelo ângulo de COBB: <20o. = a escoliose leve Entre 20 e 40o. = escoliose moderada > 40o.= escoliose de alto valor angular

COMO PODE INTERFERIR NO DIA A DIA DO ADOLESCENTE - A escoliose idiopática do adolescente geralmente não causa dor e desconforto, os pacientes podem praticar esportes e ter uma vida normal. Nos casos de alto grau (>40o.) os pacientes podem referir algum tipo de dificuldade para suas atividades diárias, principalmente aquelas que exijam maior esforço com a coluna vertebral. A deformidade causa, em pacientes que apresentam escoliose de alto grau (>40o.), baixa alto estima, devido à condição estética e muitas vezes atrapalham o relacionamento social.  Como afeta mais as meninas dificulta o uso de roupas de banho, vestidos, roupas justas e etc.. Tudo o que expõe a coluna e mostra a deformidade não é bem aceito pelas meninas.

HÁ COMPLICAÇÕES - Sim. Pode diminuir a capacidade respiratória por restrição da caixa torácica. Pode levar a doença degenerativa da coluna lombar causando dor. Pode comprimir os elementos neurais e causar comprometimento neurológico Estas complicações ocorrem em longo prazo, com o envelhecimento e principalmente nas curvas de maior grau angular (>40o.)

HÁ PREVENÇÃO - Não.

COMO DIAGNOSTICAR - Os familiares podem observar assimetria da cintura ou assimetria das mamas nas meninas. Em alguns casos pode se observar a presença de uma gibosidade assimétrica nas costas.

QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS As escolioses abaixo de 20o são tratadas com exercícios, fisioterapia e reeducação do movimento. A natação tem sido útil no desenvolvimento da musculatura, mas não é tratamento específico para escoliose, porém tem sido muito útil como coadjuvante no tratamento.

Nas curvas entre 20 e 40o -   Pode ser indicado o uso de coletes corretivos e manter o tratamento de reabilitação.

Nos casos mais graves > 40o -  Pode estar indicado o tratamento cirúrgico.

Relação com a auto-estima - Geralmente o problema com a auto-estima é evidente. Os pacientes não relatam bullying com frequência, não há relatos evidentes de discriminação, porém, sempre há relatos que quando a escoliose é observada por estranhos e o paciente é questionado sobre o que ele tem, há constrangimento e o paciente piora sua auto-estima.

Gestantes portadoras de escoliose podem fazer atividades físicas - Sim. Podem e devem. Atividades como Pilates, Yoga, Hidroterapia e condicionamento físico com aparelhos em academia são permitidos. A atividade física durante a gestação deve ser acompanhada pelo obstetra, ortopedista e fisioterapeuta. A escoliose não impede a atividade física, mas o tipo de atividade, a intensidade e a periodicidade são individualizados, não existe uma regra. É possível realizar algum tipo de atividade física no terceiro trimestre de gestação.

Os coletes são as formas mais utilizadas de tratamento conservador, sendo recomendadas para evitar a progressão da curva, e não para tratá-las. O paciente deve ser avaliado a cada 6 meses, sendo considerado sucesso quando o colete evita o aumento de 5 graus da curva. Os coletes mais utilizados são o Colete de Boston e o Colete de Milwalkee, e devem ser utilizados por 23 horas por dia, retirando-os apenas para higiene pessoal. Esse tratamento continua controverso, pois o incomodo sofrido pelo paciente dificulta a sua adesão, influenciando o resultado final. O tratamento cirúrgico tem como objetivo principal prevenir o avanço da curva e corrigir ao máximo a deformidade existente, beneficiando a aparência e minimizando as complicações de curto e longo prazo relacionadas a essa patologia. O acesso lateral tem sido utilizado concomitantemente a outras técnicas posteriores com resultados clínicos e radiológicos animadores.

TESTE PARA DETECÇÃO PRECOCE DE ESCOLIOSE:

1 – O paciente apresenta um ombro mais alto que o outro?

2 – O paciente apresenta uma escápula (omoplata) mais proeminente do que a outra?

3 – Nota-se que um lado do quadril parece maior ou mais proeminente do que o outro?

4 – Existe diferença na distância de alcance do braço quando os mesmos estão esticados livremente nas laterais do corpo?

5 – A criança tem excesso de lordose (curvatura lombar)?

6 – A criança tem excesso de cifose (curvatura torácica)?

7 – Existe uma maior “dobra” em um dos lados da cintura?

8 – A criança parece inclinada para um lado?

9 – Peça que a criança se incline para frente, com as pernas estendidas e com os braços pendendo anteriormente e as palmas se tocando perto da altura dos joelhos. Nesse caso, há formação de giba torácica?

Caso tenha respondido positivamente a pelo menos uma dessas questões, procure um médico especialista em coluna.

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia, atua em São Carlos. Dúvidas e Sugestões: faleconosco@saocarlosagora.com.br

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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