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Artigo Rui Sintra: Feliz Ano Novo

28 Dez 2016 - 05h42Por (*) Rui Sintra
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Este ano que agora termina foi de fato atípico no nosso país. Vítima de uma enorme ressaca, depois de ter sido alimentado ao longo de vários (muitos) anos com populismos baratos, mentiras e vítima de saques de toda a espécie, o Brasil sofre agora de uma espécie de indigestão grave, que assola principalmente estados e municípios. E enquanto o povão começa a andar na rua de tanga, em Brasília mantem-se a moda dos ternos de marca, subsidiados pela máfia e pelo crime organizado no poder instituído.

Escrevo este artigo a partir de Paris, depois de ter cumprido um curto compromisso profissional em Londres e de ter encerrado minha agenda de trabalho de 2016, curtindo agora umas merecidas miniférias. As conversas com meus colegas e amigos estabelecidos nas capitais francesa e inglesa têm inexoravelmente convergido em torno da situação política brasileira; e, se por qualquer motivo abordo com eles a precária situação econômica de nosso país, esse é um assunto que nem por isso é muito importante para eles, já que essa é a principal consequência da fajuta política instituída ao longo dos últimos anos, herança de um sistema que quis ser igual ao dos Estados Unidos da América, mas que faliu logo nos seus primeiros passos. Ou seja, uma cópia mal feita... Daí resultou políticas erradas, desequilíbrios sociais, corrupção, autoritarismos mais ou menos visíveis e situações absurdas, que se mantêm na atualidade...

E a situação piorou nos últimos anos, com políticas populistas que tiveram como único objetivo perpetuar determinada filosofia política representada por aqueles que, sem nunca terem governado algo anteriormente, ascenderam e desejam continuar a pertencer à classe dos "intocáveis". A ofensiva do Ministério Público, dos Procuradores e da Polícia Federal, coadjuvados por diversas instâncias do Judiciário, colocou contra a parede aqueles que durante muito tempo - e perante a passividade popular - utilizaram o erário público em seu próprio benefício e em benefício de seus correligionários, gastando e desviando bilhões de reais e impedindo que se fizesse uma auditoria séria às contas públicas: houve até presidente que, na altura de deixar o cargo, a última medida que tomou foi vetar a execução dessa auditoria (segundo a própria Associação Auditoria Cidadã da Dívida). Porque vetou?

Acuados pela "Operação Lava-Jato", centenas de políticos começam já a fazer contas à vida: não apenas aqueles que estiveram pendurados nas franjas do poder e que por isso tiveram mais acesso aos cofres e que, ao se sentirem ameaçados, acusam as autoridades de "investigações seletivas", mas também todos os outros que agora começam a ser conhecidos, oriundos dos mais diversos partidos. Aí, para os primeiros, a "seletividade" caiu por terra.

Agora, depois dos assaltos aos cofres, todos eles (ladrões e coniventes) querem estancar os gastos públicos com uma medida que irá prevalecer por vinte anos. Claro que não vou entrar no mérito da questão, mas... Vinte anos?O certo é que aqueles que roubaram o povo durante anos, dizem que nunca o fizeram, e os que agora o fazem alegam que foram os outros. Construam-se mais penitenciárias! O sertão é tão grande!

No exterior, opina-se que no Brasil não existe um único partido político digno de confiança - da extrema esquerda à extrema direita -, da mesma forma que político é tido como ladrão. A situação tenta passar a imagem de anjo, com asas grandes que, contudo, não conseguem esconder as marcas deixadas pelos maços de notas de real nos bolsos. Quanto à nova oposição (que deixou de ser situação), em vez de contribuir com ideias, propostas credíveis e projetos viáveis para a recuperação de um país que ela própria deixou em frangalhos, promove e patrocina o distúrbio, o vandalismo, a arruaça, a insegurança pública. É impressionante como não enxergam (ou não querem enxergar) que cada vez mais o povo se distancia deles, da mesma forma que se distancia daqueles que têm tido a missão de roubar o País.

O Brasil poderia estar liderando o mundo, pois tem tudo para conquistar esse status.

Feliz Ano Novo!

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