quinta, 18 de abril de 2024
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Artigo Rui Sintra: É das cinzas que nascem novas Fénix

19 Out 2016 - 05h47Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Depois de passadas as eleições municipais e de se ter constatado a realidade do mapa eleitoral em termos nacionais, vale a pena refletir sobre os últimos acontecimentos políticos e observar até que ponto o Brasil tenta reencontrar seu rumo.

As medidas - muitas delas impopulares - aprovadas - e algumas ainda por aprovar - no Congresso Nacional indicam que o Brasil está perante novas atitudes a que o cidadão comum não estava habituado, faz bastante tempo. De um estado de confusão absoluta, com um governo que dirigia o país "ad hoc", satisfazendo interesses espúrios de suas várias cortes e aparelhando o Estado ao máximo, inclusive com o cidadão a sentir-se assaltado em sua própria consciência, passou-se para um governo que, envolto ainda em polêmica devido ao processo de impeachment da Sra. Dilma Rousseff, parece sinalizar um possível caminho,talvez a ponta de um emaranhado novelo que poderá guinar o país, no mínimo para a estrada de onde ele nunca deveria ter saído.

Está claro que essa demonstração primária de capacidade governativa não está agradando nada a quem apoiou e alimentou os anteriores governos em mais de uma década: primeiro, porque as recentes decisões tomadasconfirmam a fraqueza da ideologia e da operacionalidade do anterior governo ao longo dos últimos anos, desnudandoos erros quase infantis cometidos em diversas áreas; ao mesmo tempo, coloca luz na negligência cometida, e descortinao favoritismo prioritário que foi oferecido ao longo de um grande período a quem possuía algum tipo de carteirinha que liberasse a porta para o compadrio; enfim, no mínimo, este governo freou a marcha de um descaso nunca visto no Brasil.

É óbvio que é necessário que a sociedade civil brasileira (aquela que várias vezes se reuniu em número de milhões nas ruas de todo o Brasil), deve estar extremamente vigilante sobre as decisões que vierem a ser tomadas pelo atual governo, até porque ele é - quer se queira, ou não - uma herança do anterior. Os sinais vitais da sociedade são manifestados quando essa massa de gente (e apenas ela) sai nas ruas e se manifesta em uníssono e pacificamente, como vimos se assistiu várias vezes desde 2013.

Agora, a economia dá sinais de recuperação, embora lenta, mas progressiva; o Banco Central já sinalizou que pode baixar os juros, embora de forma tímida; o risco Brasil caiu pela metade; a inflação está descendo; o real se valorizou frente ao dólar em cerca de 19/20%; os programas sociais, como o "Bolsa Família" e "Minha Casa Minha Vida" começaram a ter um monitoramento correto, para evitar abusos e incongruências; a taxação sobre recursos não declarados no exterior está prestes a se concretizar e a lei que proíbe a indicação de políticos para cargos em empresas estatais será uma realidade em breve trecho (ufa!!).Só para enumerar algumas medidas.

Contudo, existem temas complexos e polêmicos para resolver, como são os casos da PEC-241, principalmente no que tange ás áreas da Saúde e da Educação (eu acrescentaria a Segurança Pública), e a reforma da previdência, esta última com o destaque que pretende acabar com as aposentadorias especiais para algumas classes, entre as quais se conta a classe política, até porque não podem continuar a existircidadãos de 1ª e de 2ª classe.

No meio de alguns avanços feitos pelo atual governo, o principal partido do anterior governo (PT), resume-se à insignificante tarefa e estratégia de tentar obstruir (em vão) todas as votações no Congresso Nacional e de se posicionar contra tudo e todos, mantendo dessa forma a firme convicção de que, na sua visão, o que ele fez em tempos passados é o que estava certo, independente das vozes e dos protestos populares contrários. Enquanto mantém essa estratégia inócua, cujos proveitos serão certamente zero, no seio do partido se assiste a um racha monumental nunca visto em sua história, inclusive com parlamentares cogitando fazer uma debandada quase geral, colocando em causa a própria existência do PT. O que está acontecendo com o partido dá consistência ao que venho escrevendo desde há algum tempo, nomeadamente em relação aos discursos e às mensagens, sinais que o PT simplesmente parou no tempo, depois de se ter aliado e consequentemente "assaltado" por criminosos.

Mas, nem assim, parece ter aprendido a lição e veja-se o pequeno exemplo que relato seguidamente. Pouco tempo antes da PEC-241 ter sido votada na Câmara dos Deputados, o atual presidente da república ofereceu um sumptuoso jantar em sua residência oficial, reunindo parlamentares governistas com o intuito de reforçar e garantir a votação favorável ao projeto. Depois da famosa PEC ter sido votada favoravelmente, alguns petistas ilustres e simpatizantes - entre outras figuras oriundas da bancada da esquerda - acusaram o presidente de ter realizado o citado jantar com o dinheiro dos impostos do povo - com o dinheiro do contribuinte. Pois bem, na noite da votação da PEC, um parlamentar governista decidiu oferecer um suculento e bem recheado jantar, que foi oferecido e distribuído no conhecido "Cafezinho da Câmara" a todos os deputados que decidissem comparecer. E, de entre muitos, adivinhem quem foi fazer uma boquinha no tal "jantarzinho" - que também foi pago com o dinheiro dos impostos do povo???? Eles mesmos, alguns dos mais destacados deputados da citada oposição!!!!!!

Melhor virar cinza, mesmo, pois é das cinzas que nascem novas Fénix.

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