quinta, 28 de março de 2024
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A violência urbana e sua repercussão no psiquismo

04 Mar 2019 - 06h50Por (*) Bianca Gianlorenço
A violência urbana e sua repercussão no psiquismo -

É inegável que vivemos dias difíceis, a violência em toda sua plenitude tem envolvido grande parte da sociedade mundial. No Brasil, ela tem feito milhares de vítimas, em alguns casos esse ato é praticado pela própria família. Assaltos, sequestros, assassinatos, violência doméstica, acidentes, etc, fazem parte dos noticiários e fazem vítimas todos os dias.

A violência urbana tornou-se um problema social grave em todo o país a partir dos anos 1990. Nessa época, a falta de planejamento urbano e o tráfico de drogas fizeram eclodir “guerras” nas periferias das cidades. Houve também o que os especialistas em segurança pública chamam de “interiorização da violência”, que é quando o crime “migra” das grandes para as pequenas cidades no interior dos Estados.

As causas do aumento da violência no Brasil são complexas e envolvem questões socioeconômicas, demográficas, culturais e políticas. O assunto tem sido discutido, nos últimos anos, por pesquisadores de diferentes áreas, incluindo a médica, pois os assassinatos estão entre as principais causas de mortes de jovens no país.

É uma situação bem grave a qual “somos obrigados” a conviver, a encontrar maneiras de lidar com o luto de perder um ente querido, ficamos de mãos atadas diante de tanta tragédia, e o pior, os índices crescem consideravelmente, e o que se tem feito para combater essa violência?

 Qual será a repercussão que tais fatos têm no psiquismo de cada um de nós?

Pessoas que passaram por situações traumáticas, sejam crianças, adolescentes, adultos ou idosos, podem ser acometidas pelo Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT), uma patologia, que se desenvolve após a pessoa ser exposta ou testemunha de um estresse traumático extremo, ou seja, de situações que colocam em risco sua integridade física, ou, de oura pessoa.

Como ocorre na maioria dos transtornos, é relevante diferenciar o que é um medo natural, e o que se torna patológico, necessitando de cuidados profissionais. Para isso, é preciso observar os sintomas e sua duração, afim de que o diagnóstico seja feito corretamente.

No caso do TEPT, a pessoa traumatizada torna-se extremamente desconfiada, assustada, com medo excessivo, que a paralisa diante de qualquer situação, mesmo aquelas que antes eram rotineiras. Há uma enorme dificuldade de concentração, a pessoa está sempre em alerta, se defende de qualquer coisa que lhe pareça ameaçadora. Revive os eventos traumáticos constantemente, mediante pesadelos intensos, por exemplo. Pode desenvolver quadros de depressão, ansiedade e pânico.

Se após 6 meses do evento, a pessoa ainda apresenta os sintomas, afetando de forma significativa a vida social, profissional e familiar, ela está diante dessa patologia. Trata-se de um aspecto importante do diagnóstico, pois o impacto psicológico após o trauma é comum, porém com uma duração de 1 ou 2 meses, na maioria dos casos, não caracterizando o transtorno.

Tratamento:

O principal tratamento é feito com a ajuda de psicólogos, onde a pessoa poderá falar sem receio sobre o evento, elaborando a situação, de forma a descontruir as fantasias e medos criados mediante o trauma. A conscientização e aproximação da rede de apoio do traumatizado é de extrema importância. Os amigos, familiares e outros envolvidos com a pessoa, precisam compreender melhor a situação para que possam ajudá-la a superar, mas jamais os sintomas devem ser negados, ou olhados de forma banal.

Nem todas as pessoas que são expostas a um estresse forte irão desenvolver o TEPT, isso depende de diversos fatores internos de cada um, ou seja, da estrutura psíquica que se tem, do momento em que vivia, quando isso ocorreu (se estava mais vulnerável, com alguma questão psicológica, em tratamento ou não…), da sua rede de apoio, fatores biológicos, entre outros.

(*) A autora é graduada em Psicologia pela Universidade Paulista. CRP:06/113629, especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica pela Universidade Salesianos de São Paulo e Psicanalista. Atua como psicóloga clínica.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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