quinta, 28 de março de 2024
Motivo de preocupação

Suicídios abalam São Carlos; em 16 dias, quatro mortes

28 Jan 2019 - 07h55Por Marcos Escrivani
Suicídios abalam São Carlos; em 16 dias, quatro mortes - Crédito: Maycon Maximino Crédito: Maycon Maximino

Em apenas 16 dias de janeiro, quatro casos de suicídio foram registrados em São Carlos. Desde adolescentes até pessoas com idade mais avançada. Se ocorrer comparação com o mesmo período de 2018, um aumento assustador de 500%.

Os motivos dos casos ocorridos em São Carlos são desconhecidos, mas terminou com a morte de uma adolescente de 13 anos no Jardim Cruzeiro do Sul, de uma jovem de 23 anos no CDHU, de um rapaz de 17 anos no Cidade Aracy e de um idoso no Jardim Santa Felícia. Também tivemos duas tentativas: um adolescente de 17 anos tentou se matar ao se jogar de uma passarela na rodovia Washington Luís (SP-310) e um homem de 28 anos se jogou do pontilhão da Fepasa. “Fora os casos que não se tornaram públicos. Acredito que esse índice possa ser ainda maior”, alertou a psicóloga Bianca Gianlorenço, articulista no São Carlos Agora e voluntária na entidade Mapa do Acolhimento, composta por profissionais (psicólogas e advogadas) que atendem gratuitamente na cidade mulheres vítimas de violência.

Preocupada com a onda de suicídios que atingiu São Carlos nas primeiras semanas de 2019, Bianca disse que solicitou uma reunião com o secretário de Saúde Marcos Palermo. “Mas ele ainda não deu retorno”, disse Bianca.

O motivo do encontro é para debater justamente os casos de suicídios e questionar Palermo o fato de São Carlos possuir três unidades do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). “Quero saber as autoridades da área que trabalho é feito para conscientizar as famílias. Dados do Ministério da Saúde mostram que as cidades que possuem Caps reduzem em 14% os casos de suicídio”, alertou a psicóloga.

DESCASO COM A SAÚDE

Além de preocupada, Bianca não escondeu uma certa indignação. “Falta a cultura da saúde mental na sociedade e 90% dos casos relacionados são de transtornos mentais como depressão, abuso de álcool e entorpecentes, esquizofrenia, violência contra a mulher e até o desemprego. Às vezes muitas pessoas não acreditam que precisam ter esse cuidado”, sugeriu a profissional.

Aliada a essa falta de cultura, a psicóloga vê um descaso do Poder Público de São Carlos, uma vez que não teria feito uma campanha até hoje para alertar sobre os perigos que levam pessoas a cometer (ou tentar) o suicídio. “Não vi um programa voltado para a saúde mental. É um grande descaso”, afirmou. “Penso que poderia ter uma reformulação da política pública, um mapeamento e buscar identificar a população que necessita de uma atenção especial. Cuidados são urgentes e necessários. É assustador e para mim é uma epidemia. Medidas urgentes necessitam ser tomadas, pois nada impede que possa ocorrer um agravamento e mais pessoas tentar contra a própria vida”, finalizou a preocupada psicóloga.

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