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Cooperação e emoção marcam etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica

18 Jun 2014 - 15h16
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A escola não tinha computador à disposição nem mesa de treino. Mas a equipe organizadora da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) emprestou um kit para que os estudantes pudessem montar seus próprios robôs, treinarem e participarem da competição. Resultado: saíram com uma medalha de prata e outra de bronze do Ginásio de Esportes da USP, em São Carlos, no último sábado, 14 de junho. Com lágrimas nos olhos, a coordenadora pedagógica Kátia Schimidt, da Escola Estadual Coronel Franco, de Pirassununga, resume em uma palavra a trajetória percorrida por seus alunos para alcançar essa façanha: superação. 

“Eu nunca tinha mexido com um robô antes, achava que ele saía da fábrica pronto. Então, descobri que precisava programar. Até minha família gostou da experiência. Foi muito legal”, conta o estudante João Pedro de Alcântara, membro de uma das equipes da Coronel Franco, a Tintanboot, com a medalha de bronze no pescoço. Ele e os colegas da outra equipe que representaram a escola – Pacboot – participaram da competição na categoria nível 1, destinada aos estudantes de ensino fundamental. Há também o nível 2, voltado ao ensino médio (veja a lista completa dos premiados e dos classificados para a etapa regional da OBR no final desta reportagem).

 A professora de tecnologia da escola, Flávia de Oliveira, conta que, antes de começarem os treinamentos para a OBR, não havia sido ensinado nenhum conteúdo relacionado à robótica na escola. “Pegamos os kits emprestados e trabalhamos apenas durante dois meses”, revelou.

Quem também comemorou a conquista foi a vice-coordenadora do Centro de Robótica de São Carlos (CROB) e professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, Roseli Romero: “É muito bom saber que, em tão pouco tempo, os estudantes conseguiram usar esse material e alcançar ótimos resultados”. Ela, juntamente com os professores do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), coordenaram a regional da OBR, realizada pela primeira vez em São Carlos. 

Ela explica que, para estimular a participação das escolas que não tinham kits, empresas fabricantes emprestaram alguns kits à equipe organizadora da regional, que os repassou às escolas interessadas. O CROB é composto por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), ambos da USP.

Uma nova forma de aprender - Histórias como a da Escola Estadual Coronel Franco mostram quanto uma disciplina como a robótica pode motivar alunos e professores na construção de uma nova forma de aprendizado. “Geralmente, o resultado da participação na competição é que os estudantes melhoram o rendimento em todas as disciplinas e passam a gostar mais da escola. Acredito que a robótica não tem potencial apenas para revolucionar a ciência brasileira, mas também pode revolucionar nossa forma de ensinar”, explicou Flávio Tonidandel, coordenador geral da OBR. 

Das 99 equipes inscritas de escolas públicas e privadas das cidades da região, 70 compareceram ao evento, que vem crescendo ano a ano. “Em 2012, a OBR contabilizou 300 equipes inscritas na competição em todo o Brasil; em 2013 esse número subiu para 800 e, em 2014, são 1,9 mil equipes”, destaca Tonidandel. Segundo ele, o Estado de São Paulo é o que tem o maior número de inscritos.

As 15 melhores equipes de ensino médio e as 10 melhores de ensino fundamental que participaram da etapa regional da OBR em São Carlos foram selecionadas para disputarem a estadual da competição, que acontecerá no dia 9 de agosto, em São Bernardo do Campo.

Prática que ensina – Para o mestrando do ICMC, Adam Henrique Pinto, um dos voluntários que contribuiu para a realização do evento em São Carlos, participar da OBR ajuda os estudantes a desenvolverem o raciocínio lógico: “É também uma forma de aprender o que é a computação na prática porque as crianças criam o robô do zero. Elas usam alguns kits de robótica, mas precisam montam o robô e testá-lo em diversos tipos de acontecimentos”. 

Entre os desafios enfrentados pelos robôs recém-criados estão falhas na linha da estrada pela qual devem passar, redutores de velocidade e obstáculos. “A criança tem que aprender a programar de uma forma geral, para que o robô seja capaz de atuar em qualquer tipo de arena, porque as arenas apresentam dificuldades diferentes (fácil, médio e difícil)”, explica. 

Por isso, as equipes disputam a modalidade prática em dois níveis. No nível 1, voltado aos alunos do ensino fundamental, o robô competidor, em uma simulação de resgate, precisa encontrar uma vítima, superando várias adversidades. Já no nível 2, destinado a alunos do ensino médio, além de encontrar a vítima, o robô deve resgatá-la, passando também por diversos obstáculos.

Final da OBR ocorrerá de 18 a 23 de outubro - A etapa nacional da OBR, chamada RoboCup Junior Rescue A, também ocorrerá em São Carlos e será sediada no ICMC. O evento acontecerá de 18 a 23 de outubro, durante a Competição Brasileira de Robótica (CBR 2014), garantindo aos campeões de cada nível uma vaga para participar da RoboCup Junior Mundial 2015 – a ser realizada na Tailândia. 

A final ocorrerá em paralelo com a Conferência Conjunta de Robótica e Sistemas Inteligentes de 2014, que inclui outros eventos científicos de grande relevância para o país e para a América Latina. Além da CBR 2014 serão realizados: Latin American Robotics Competition (LARC), Latin American Robotics Symposium (LARS), Simpósio Brasileiro de Robótica (SBR), Robocontrol, The Brazilian Conference on Intelligent Systems (BRACIS) e Encontro Nacional de Inteligência Artificial e Computacional (ENIAC).

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