sexta, 29 de março de 2024
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Com a venda de trufas, mãe ‘guerreira’ ajuda no tratamento de filho autista

Batalhadora, Maísa Machado é o 'anjo da guarda' do pequeno Dudu; Trabalho é de 24 horas por dia. "Vivo e dou minha vida por ele"

10 Ago 2017 - 08h08
Foto: Marcos Escrivani - Foto: Marcos Escrivani -

24 horas por dia. Sete dias por semana. A guerreira Maísa Machado de 29 anos é a mulher maravilha de Eduardo de apenas 3 anos e meio. Ou somente Dudu que é portador de autismo. Residem com o irmão Henrique de 11 anos em uma casa alugada na Redenção.

Maísa é uma batalhadora e vive integralmente para o filho. Trabalha incansavelmente para que ele tenha conforto e possa ter um tratamento com o intuito de ter qualidade de vida.

De origem humilde, ela diz que sua vida é matar um leão por dia. Mas, garante que se preciso, dá sua vida por Dudu, um anjo que veio para iluminar sua vida.

Hoje, sua vida é vender trufas. Com o dinheiro arrecadado, ajuda no tratamento do seu filho. "Vivo por ele e para ele", diz, ao se referir ao irrequieto Dudu.

Na tarde desta quarta-feira, 9, o São Carlos Agora esteve na casa de Maísa, de Dudu e de Henrique. Conheceu a família e constatou a incansável luta de Maísa, traduzida em uma reportagem pautada de emoção, superação e muito amor.

PACIÊNCIA, ESPERANÇA E FÉ EM DEUS

Com um ano de idade, Maísa notou que tinha algo diferente em Dudu, que ainda não falava. Procurou profissionais especializados e constatou que ele era portador de autismo.

Sem condições financeiras e sem atendimento por parte do INSS ela passa por muitas dificuldades. Há um ano e 4 meses espera por uma tomografia por parte do Centro Municipal de Especialidades (Ceme), da Secretaria Municipal de Saúde de São Carlos.

"Cheguei a passar fome, para dar o alimento para o Dudu", disse. "Muitas vezes nem tinha fralda descartável. Sem contar que não podia deixar de pagar o aluguel. As preocupações eram muitas, e os gastos também. Mas com muita ajuda consegui tratamento de fonoaudiólogos e psiquiatras. além de uma bolsa na Sape (Sala de Atendimento Pedagógico Especializado) com aulas que auxiliam no aprendizado da coordenação motora de Dudu", afirmou Maísa.

A mamãe disse que Dudu foi um aprendizado para que pudesse adquirir paciência e esperança, uma vez que sua chegada fez com que repensasse sua filosofia de vida. "Até pouco tempo ele não falava. Hoje diz várias palavras, principalmente mamãe. Por isso tenho a esperança que ele possa ter uma vida normal. Mas ele precisa de atendimento especializado e compreensão".

SETE DIAS POR SEMANA

Com poucos recursos financeiros, Maísa sentiu a necessidade de buscar uma forma de conseguir recursos financeiros para ajudar no tratamento de Dudu. "Cheguei tentar trabalhar no comércio. Mas faltava muito no trabalho, pois meu filho precisava de atenção 24 horas por dia". Deixou o serviço e achou na venda de trufas uma saída. Isso no início de 2017. "Trabalho sete dias por semana e 24 horas por dia. Faço entregas aos domingos. Dependo das vendas para poder conseguir dinheiro para o tratamento do Dudu".

Hoje, a rotina diária dMãe diz "matar um leão por dia" para tratar do filho. (foto Marcos Escrivani)e Maísa é de muito trabalho. Pela manhã, Dudu estuda em uma escola de São Carlos, período que diariamente e de ônibus (durante a tarde e à noite), realiza as entregas de suas encomendas

Quando está em casa, sua tarefa é buscar novos e fieis clientes. "São 35 sabores", diz. "Garanto que são muito saborosas", emenda, procurando fazer sua propaganda. "Uma trufa que eu vendo, é um passo para que o Dudu tenha uma vida digna", comentou. "Minha prioridade é fazer com que meu filho possa ter uma vida independente, autônoma. Eu não sou eterna. Hoje eu vivo em função do Dudu e dou minha vida por ele".

TRUFA COM SABOR DE SOLIDARIEDADE

São 35 sabores, mas um recheio com sabor único, de solidariedade. Hoje, Maísa tem aproximadamente 200 trufas que tem validade até 19 de agosto. Faz uma promoção: vende a unidade a R$ 2,50.

"Não posso perder, pois é através da venda das trufas é que pago os tratamentos do Dudu. Nos últimos dias corri muito com exames em São Carlos e em Ibaté e não tive tempo para ir às ruas vender. Estou desesperada", repetiu.

Os interessados em ajudar podem entrar em contato pelo telefone 98812-8213 (WhatsApp).

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