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Câncer de Pele será tratado com terapia fotodinâmica no Ceme e no Hospital-Escola

10 Ago 2012 - 15h51
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Os pacientes do SUS terão uma nova opção de tratamento para o câncer de pele na rede pública de saúde de São Carlos. É a terapia fotodinâmica, projeto de pesquisa criada e desenvolvida por pesquisadores da USP de São Carlos, e indicada para o tratamento dos carcinomas, o câncer de pele mais comum. A taxa de cura segundo os pesquisadores é superior a 90%. 

A nova terapia será ofertada a 80 pacientes da rede pública referenciados por médicos dermatologistas no Hospital-Escola Municipal "Prof. Dr. Horácio Carlos Panepucci" e no Centro Municipal de Especialidades (CEME) da Vila Isabel pelo período de um ano.

Como é feito o procedimento - O tratamento do câncer de pele com a nova terapia tem início com a avaliação e indicação médica. Uma pomada (creme com composto pró-droga) é aplicada sobre a pele durante três horas, e exposta a radiação ultravioleta. As lesões provocadas pelo câncer são facilmente identificadas pelo equipamento. Se o diagnóstico é positivo, o tumor é tratado, na sequência, com outra luz ativada por um período de 20 minutos. A interação do medicamento com a luz vermelha de alta potência provoca uma reação fotoquímica. As células cancerígenas morrem. O procedimento não dura mais do que quatro horas, não tem efeitos colaterais, auxilia no diagnóstico médico e o tratamento pode ser visto em tempo real.

Natália Inada, pesquisadora do grupo de Ótica do Instituto de Física da USP de São Carlos, explica que em comparação com as técnicas convencionais "a terapia fotodinâmica não requer infraestrutura complexa é uma aplicação ambulatorial, sem internação do paciente, nem anestesia e os resultados estéticos são melhores em relação à cirurgia ou quimioterapia porque não há formação de queloide nem cicatriz".

Natália explica ainda, que são tratados apenas os câncer de pele não melanoma. O projeto de pesquisa em nível nacional tem financiamento do BNDES e colaboração de empresas como MM Optics de São Carlos (fabricante de equipamentos) com subvenção da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a PDT Pharma de Cravinhos (fabrica e comercializa medicamentos) que permitiu sob a coordenação do pesquisador professor Dr. Vanderlei Salvador Bagnato desenvolver equipamentos e medicamentos nacionais.

O projeto tem por objetivos nacionalizar equipamentos e medicação e treinar médicos colaboradores de todo o país. Depois do tratamento de 4 a 8 mil pacientes em quatro anos de financiamento os resultados serão apresentados para o Governo Federal que poderá incorporar a terapia fotodinâmica no SUS.

Alexandre Macchetti, médico mastologista e diretor técnico do Hospital-Escola, ressalta que o convênio com o Instituto de Física da USP para levar a nova terapia para a rede pública foi intermediado pela Secretaria  de Saúde de São Carlos. Numa primeira etapa foi realizado o treinamento de médicos e enfermeiros, o próximo passo será estabelecer como será formalizada a rotina de atendimento aos pacientes.

Os médicos da rede encaminharão os pacientes para avaliação do dermatologista que depois de biópsia encaminham para o tratamento com a nova terapia no CEME ou Hospital-Escola.

Se a nova terapia for incorporada aos procedimentos do SUS, segundo Macchetti, vai evitar muitas cirurgias que hoje são necessárias porque não havia a opção do tratamento com a terapia fotodinâmica que é "menos agressiva, não invasiva, de custo zero para o paciente e de baixo custo para o SUS e com boa efetividade de cura", salienta.

O médico dermatologista do CEME, Douglas Pierri, lembra que no Brasil são registrados anualmente cerca de 150 mil casos de câncer de pele relacionados principalmente a falta de proteção com a exposição solar. Sobre a nova terapia também destacou que o procedimento "além de gratuito tem porcentagem de cura de mais de 90%, e o câncer é eliminado sem procedimento cirúrgico, sem deformidade ou cicatriz".

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