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Brasil

Laboratório recria face de vítima em 3D para facilitar identificação

08 Abr 2014 - 13h34Por Secretaria da Segurança Pública

Pioneiro na América Latina, o novo Laboratório de Arte Forense do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, alia tecnologia de ponta, habilidades artísticas e conhecimentos avançados em computação gráfica para ajudar a solucionar crimes e a encontrar crianças e adolescentes desaparecidos.

A partir de poucas características de um rosto, o laboratório consegue produzir um retrato em 3D, como foi no caso da cabeça encontrada na Praça da Sé, no último dia 27, e que faz parte do corpo esquartejado encontrado em Higienópolis no dia 23.

Os peritos fizeram a reconstituição facial da vítima, mesmo com o rosto desfigurado, que foi reconhecida pela família de uma pessoa desaparecida. A polícia aguarda agora o exame de DNA para comprovar a identidade do homem.

Inicialmente, seria feito um retrato falado da vítima. Porém, devido aos ferimentos, os designers gráficos Sidney Barbosa e Vilson Martins optaram por reconstruir a face utilizando uma das três mesas digitalizadoras e um software utilizado por estúdios de animação para criar imagens hiper-realistas.

“Além das fotos, nós utilizamos a tomografia do crânio feita pelo IML [Instituto Médico Legal]”, explica Barbosa, que coordena o laboratório. “Com essas referências foi possível fazer um modelo aproximado.”

Após criar uma tomografia digitalizada da cabeça, os designers modelaram e reconstruíram todos os ossos do crânio. A próxima etapa foi a inclusão dos chamados “marcadores de profundidade”, que são elementos de referência que indicam os tecidos e músculos no software.

“Neste caso, usamos 21 pontos ao todo”, lembra Martins. Com as marcações, o rosto começou a tomar forma e foi possível visualizar elementos como linha do cabelo, pelos faciais (bigode, sobrancelhas), tipo de pele, olhos etc.

Os artistas desenharam e modelaram a face da vítima. De posse do “rosto digital”, os investigadores levantaram possíveis casos de desaparecimento, cuja vítima tivesse características semelhantes. Uma família havia registrado um boletim no dia 21.

Além de reconhecer o parente desaparecido como sendo a vítima, familiares levaram fotos aos designers para comprovarem as semelhanças.

“Fizemos uma sobreposição das fotos da família com a imagem criada em 3D. Eu diria que a semelhança é de 95%”, afirmou Barbosa.

Investimento em qualidade

O Laboratório de Arte Forense do DHPP é a única instituição na América Latina a utilizar técnicas de computação gráfica para reconstituição facial em terceira dimensão e progressão de idade no desparecimento e localização de crianças e adolescentes.

Para modernizar o Laboratório de Arte Forense, o Governo do Estado investiu R$ 188.953,34 na aquisição dos novos equipamentos e adequação das instalações. Os equipamentos começaram a ser instalados em setembro do ano passado e passaram a ser utilizados a partir de dezembro, no Setor de Arte Forense do DHPP, que passou a ser o Laboratório de Arte Forense do DHPP.

A reconstituição facial, atualmente por computação, engloba três aspectos - o retrato falado, a progressão de idade de pessoas desaparecidas e tomografia digital (por meio dos laudos do Instituto Médico Legal). A progressão de idade é a confecção de um retrato digital de alguém que está desaparecido há alguns anos. Nesse caso, o retrato é “envelhecido”.

É muito comum nos casos de crianças e adolescentes desaparecidos que o retrato seja feito, por exemplo, sete anos mais tarde. Para isso, o designer gráfico utiliza fotos da criança, de seus pais e até informações sobre preferências, gostos e até possíveis vícios ou problemas mentais da vítima para fazer refazer os ângulos faciais do desaparecido, até chegar ao rosto atual.

Os casos mais frequentes que chegam ao Laboratório de Arte Forense para requisição de retrato falado são homicídios, latrocínios, estupros e sequestros. A progressão de idade é feita a pedido da Delegacia de Pessoas Desaparecidas; os outros casos, a pedido do DHPP e outras delegacias ou departamentos policiais.

Equipamentos

A sala climatizada tem três estações de trabalho (work station), cada uma com uma mesa digitalizadora própria para tratamento de imagens, e dois monitores cada. Há também um scanner de alta resolução e uma impressora de última geração.

Na tela de 25 polegadas de cada estação, um lápis digital substitui o mouse.

O scanner 3D permite um aumento de qualidade na progressão de idade: o envelhecimento do rosto de uma criança desaparecida poderá aumentar em vários anos, possivelmente até uma projeção de quinze anos.

Maníaco do Parque

Foi com a publicação em todo o País de um retrato falado feito por Sidney Barbosa do “Maníaco do Parque”, Francisco de Assis Pereira, que o matador de mulheres foi preso, no rancho de um pescador do Rio Grande (RS). “O dono do rancho o reconheceu pelo retrato falado que vira num jornal e chamou a polícia”.

No Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro), o designer Alan Zambeli, que aprendeu a arte forense com Sidney, fez o retrato falado dos bandidos que queimaram e mataram uma dentista no ABC.

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